Posted by Rubens Costa | Posted in Design | Posted on 08:14
Falarei um pouco da relação da semiótica com design neste post, assunto muito interessante e vasto, com base nas idéias de mestres como Charles Sanders Peirce, Charles Morris, Roman Jakobson e Umberto Eco.Vale salientar que em nosso curso de Design na Aeso, vamos estudar semiótica logo. Então adiantando um pouco o assunto, o que é semiótica?
Semiótica é a ciência geral dos signos, que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos. Em outras palavras, o sistema de significação ou representação na natureza, conceito, idéia ou cultura. Uma área muito vasta, que abrange também a linguística, onde se inclui, além das artes visuais, a música, fotografia e até mesmo a culinária.
Surgiu junto com a filosofia, na época da Grécia antiga e vem se desenvolvendo até hoje. Mas, somente há cerca de dois ou três séculos, é que começaram a surgir aqueles que seriam considerados os pais da semiótica. No início do século XX, com os trabalhos de Ferdinand de Saussure e Peirce, a semiótica começou a adquirir status de ciência.
Para Peirce, o homem significa tudo que o cerca numa concepção triádica, e são nestes pontos que toda a sua teoria se baseia. Em 14 de Maio de 1867, Peirce descreveu três categorias universais de toda a experiência e pensamento: Qualidade, Relação e Representação. Hoje conhecemos como Quali-signo, Sin-signo e Legi-signo ou Primeiridade, Secundidade e Terceiridade respectivamente. Trocando em miúdos, o signo é a relação que existe consigo mesmo, no seu modo de ser, no seu aspecto e na maneira como aparece. Explicando cada uma das propriedades, será mais fácil de se entender:
1º - Quali-signo ou Primeiridade
Se algo aparece como pura qualidade, este algo é primeiro. É claro que uma qualidade não pode aparecer e, portanto, não pode funcionar como signo sem estar encarnada em algum objeto. Ela é apenas um sentimento vago, indiscernível, num nível de primeiridade, aberta a interpretação junto com seu suporte. Seu caráter qualitativo - cores, luminosidade, cheiros, gostos, volumes, texturas, formas etc. - enriquece o objeto impregnado.
2º - Sin-signo ou Secundidade
Num segundo nível, o da secundidade, qualquer coisa que se apresente diante de você como existente único, material, aqui e agora, é um sin-signo. Isto porque qualquer existente real e concreto está conectado ao universo do qual ele faz parte, irradiando sentidos em outras direções. É o seu caráter físico-existencial que aponta para as outras coisas. Rastros, pegadas, resíduos, fazem parte de uma existência concreta. Daí, sin-signo.
3º - Legi-signo ou Terceiridade
Ao nível de terceiridade, o caráter do signo aparece quando, em si mesmo, o signo é de lei. Isto porque, ao ser representado, é portador de uma lei que, por convenção ou pacto coletivo, determina que aquele signo represente seu objeto. Note-se que se é por convenção, aquilo que ele representa não é individual, mas geral. Por exemplo, as palavras são caracteres cujos códigos são combinados, mantêm um acordo firmado entre o grupo - uma lei - para que o signo possa significar. Já dizia Peirce: "você pode escrever a palavra "estrela", mas isto não faz de você o criador da palavra - e mesmo que você a apague, ela não foi destruída. As palavras vivem nas mentes daqueles que as usam. Mesmo que estejam todos dormindo, elas vivem nas suas memórias. Elas são coletivas, não individuais".
Para Peirce, existem também três significados para signo: ícone, índice e simbolo. O ícone mantém uma relação de proximidade sensorial ou emotiva com o signo, representando o objeto; O índice quer dizer que através de todo indício tiramos conclusões, exemplo: onde há fumaça, há fogo; e por fim o Símbolo que estabelece uma relação entre o signo e o objeto.
Esta foi uma introdução sobre Semiótica Peirceana, mas existem outras, como: semiótica estruturalista/semiologia que tem como foco os signos verbais que se iniciou com Saussure e Semiótica russa ou semiótica da cultura que tem como foco a linguagem, literatura e outros fenômenos culturais como a comunicação não-verbal e visual, mito e religião
0 comentários:
Postar um comentário